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Diário Economico

Expresso

quinta-feira, 31 de maio de 2007

O problema da Democracia

A democracia é o melhor sistema político que temos, mas existem alturas em que se revela claramente insuficiente. Na Venezuela, o presidente Hugo Chavez é rei e senhor e, por mais vezes que os seus opositores o sujeitem a eleições, com maior margem ganha. Pode-se pensar em fraude mas a fiscalização internacional é unânime na legalização destas consultas populares.

Neste momento está a limitar cada vez mais essa democracia com o encerramento forçado de uma televisão privada e a ameaça de mais se seguirem. Mas a verdade é que a cada manifestação contra o regime vigente aparece sempre outra tão ou mais numerosa a favor da continuação de Chavez no governo. O fenómeno não é novo e é um resultado directo da democracia. Já na Alemanha do início dos anos 30s, Hitler ascendeu ao poder num clima de depressão económica através de propostas concretas para resolução da crise e apontando os culpados, sendo desta forma aclamado pela maioria dos eleitores. No início do século XXI os culpados eleitos por Chavez são os Estados Unidos da América, liderados por George W. Bush.

Os Estados Unidos, o “maior” bastião democrático do mundo, já o tentaram retirar à força, existindo imediatamente um contra golpe repondo Chavez de novo no poder. Aliás se verificarmos todas as vezes que os Estados Unidos patrocinaram directa ou indirectamente golpes de estado em países sobre regimes ditatoriais as soluções encontradas não foram de todo “democráticas”. Nos exemplos mais recentes do Afeganistão e do Iraque as situações em que se encontram estes dois países podem ser apelidadas de tudo menos de democracias. Mais uma vez podemos verificar que o facto de a Venezuela ser um dos maiores exportadores de petróleo do mundo também não é indiferente aos Estados Unidos, sendo preferível existir nesse país um regime mais pró-americano. Mas Chavez é um dos maiores adversários de Bush e o facto de ser legitimamente eleito é o elemento mais problemático para a actuação americana nesse país. A última coisa que Bush precisa é de mais um regime comunista na América do Sul, principalmente um que os Estados Unidos não podem boicotar à imagem de Cuba pois necessitam do seu petróleo. Os Estados Unidos têm 5% da população mundial e consomem 25% da energia mundial e é esse o grande poder de Chavez que o torna incómodo. Tem uma forte notoriedade na América Latina e alarga-a através da dependência que criou do seu petróleo.

Com Bush a terminar o mandato em breve este será um problema a ser lidado pela nova administração americana. Mas enquanto for legitimamente eleito pela maioria da população, Chavez deverá ter o seu lugar seguro.

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