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Diário Economico

Expresso

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

O final fatídico no BCP ou a preparar uma sequela

Nestas últimas semanas não tenho voltado ao tema do BCP por diversas razões. Em primeiro lugar por falta de tempo, segundo por já ter levado a diversos posts, e finalmente porque achei que o a comunicação social já fazia o favor de encher toda a gente com estatutos e terceiras vias suficientes. Contudo não posso deixar de comentar o final deste filme.
A imagem que passou do banco não podia ser a pior. A austeridade e a reserva sempre foram de ouro na banca e quando vemos banqueiros a dar entrevistas quase diária é muito mau sinal. Significa que têm de se mostrar, preparar o futuro uma vez que vêm a sua posição em risco. Foi o que veio a confirmar hoje Paulo Teixeira Pinto ao demitir-se. Sentia-se frágil no banco e por isso dava entrevistas e desdobrava-se em contactos para aumentar a sua base de apoio accionista. No fim do dia acabou por se deixar vencer numa guerra que nunca teria vencedor e apenas um vencido, o próprio banco.
Mas este filme pode não ter acabado, estando apenas a preparar uma sequela. Filipe Pinhal é apenas o sucessor pelos estatutos, tendo o próximo líder do maior banco privado português ainda de ser encontrado. E este terá novamente de lidar com Jardim Gonçalves se o modelo de gestão não for alterado. Teremos uma segunda parte desta novela?

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

O porquê da crise

No final da semana passada começou a ser noticiada uma crise que já estava a ser fermentada à algum tempo. O que está por trás desta suposta crise nos mercados financeiro é o mercado de empréstimos de alto risco. Alguns fundos compraram instrumentos complexos baseados em crédito concedido a pessoas que não iriam ter possibilidade de o pagar e quando este começou em entrar em incumprimento os fundos foram perdendo dinheiro. Esta estratégia já levou à falência de hegde funds do Bear Sterns. Agora parece que está tudo pior pois a crise está agora a afectar alguns fundos europeus, nomeadamente do BNP Paribas. Os bancos centrais um pouco por todo o mundo estão a injectar dinheiro para fazer face à falta de liquidez e assim segurar os mercados, em quantidades superiores às injectadas na semana dos atentados do 11 de Setembro. Esta situação pode ser comparada com a falência do Long Term Capital Management nos finais dos anos 90 e que levou a uma espiral de pânico nos mercados, bastante pior do que se verifica actualmente. Para resolver a situação o Fed, na altura chefiado por Greenspan, baixou artificialmente as taxas de juros, de forma a fomentar o investimento, o que ficou conhecido como a Greenspan Put. Na altura o pânico durou apenas alguns meses até estabilizar. A grande questão durante esta semana prende-se com a reacção dos mercados quando esse dinheiro for retirado uma vez que a sua manutenção levaria a um nível de inflação que nem o BCE nem o Fed desejam.

Mas este pânico actual não é, portanto, de todo justificável. A economia continua forte, com as empresas a apresentarem resultados positivos. Então porque é que toda a gente resolveu vender? O factor psicológico assume nos mercados um factor fundamental, fortemente documentado e que está a levar à criação de um novo ramo dentro das finanças, o Behaviour Finance. Esta teoria desafia a teoria da Eficiência do mercado estabelecida por Fama nos anos 60. As pessoas por detrás das decisões, não deixando de querer o melhor para si, por vezes não são racionais e preferem estar fora dos mercados em alturas de grande volatilidade. É por isso uma oportunidade para fazer dinheiro à custa da aversão ao risco excessiva do investidor comum.