Publico.pt - Política

Diário Economico

Expresso

terça-feira, 5 de junho de 2007

Quem tem medo de ser comprado?

Num exemplo mais recente, o BCP. O sector bancário não permite ficar-se sentado à sombra da bananeira e a necessidade de expansão é fundamental para não se servir de alvo de compra pelos concorrentes. É isso que o BCP tem feito. Primeiro com o Atlântico e com o Mello, agora com as operações falhadas junto do banco romeno BCR e do BPI. É um sector onde ou se compra ou se é comprado. E não comprando o BCP tenta agora defender-se como pode, tentando blindar os seus estatutos, tornando bastante mais difícil uma OPA contra si. Os accionistas recusaram, percebendo que uma potencial OPA poderá trazer-lhe lucros. E é este o principal motivador dos accionistas, o retorno dos seus investimentos através da valorização das suas acções.
O que defende Marcelo Rebelo de Sousa nas suas escolhas deste domingo não faz portanto qualquer sentido. Os accionistas estão no BPI para rentabilizarem o seu investimento e se uma OPA vier a acontecer, eles tomaram a decisão que maximizar o seu retorno: ou vendem, acreditando que é o momento mais propício, ou não vendem, escolhendo a actual equipa de gestão liderada por Teixeira Pinto. Mesmo que essa oferta seja de um banco estrangeiro como o caso do ABN. Esta visão proteccionista de que tudo o que vem de fora é mau tem de acabar. Se nos queremos expandir para fora do país, e aplaudimos quando os nossos empresários o fazem, temos de deixar o mercado decidir quando a situação é a inversa. Ou então saímos da União Europeia e voltamos a mais meio século de autarcia.

António Borges, um dos portugueses mais influentes a nível de Corporate Governance, defende, numa entrevista ao Público de ontem, que o mercado é a melhor forma de defesa das empresas pois a sua disciplina obriga a que a empresa seja sempre bem gerida, sob pena de se ser alvo de uma OPA. Ao blindar os estatutos as empresas estão a dar carta branca aos seus gestores para não se sentirem preocupados pelas pressões de compra dos seus concorrentes. E isso só prejudica os accionistas, uma vez que não é maximizado o valor do seu investimento. E consequente é mau para as empresas e para a sua competitividade e é essa a questão fundamental.

Sem comentários: