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Diário Economico

Expresso

segunda-feira, 9 de julho de 2007

FMI e Flexisegurança, BCP e Benfica

Nas duas semanas que passaram muitos dos assuntos da actualidade tiveram desenvolvimentos, alguns estranhos, outros previsíveis

No final do mês passado o FMI divulgou um relatório sobre Portugal onde defendia as reformas que se têm vindo a verificar mas que estas teriam de continuar e ser mais profundas uma vez que, apesar de apresentar significativas melhorias, Portugal ainda enfrenta grandes dificuldades. Uma das áreas em foco neste relatório é o mercado laboral, que se encontra muito rígido, não permitindo ao país acompanhar o desenvolvimento europeu. É que em alturas de expansão económica é fácil crescer-se a ritmos superiores aos da média europeia pelo efeito catching-up (os países mais pequenos crescem em média mais que os maiores). Só que durante recessões isso já não acontece se estivermos a competir com economias mais dinâmicas e flexíveis. Tal como referi num post anterior, “A manutenção do “status quo” dos direitos adquiridos, (…), está a levar a que o nosso país seja apontado como um dos piores a nível da rigidez do mercado de trabalho e as consequências directas desta classificação é a perda de competitividade e o desemprego”. Não se trata de avançar para as leis laborais chinesas, como ironicamente refere Nicolau Santos, no seu artigo do Expresso mas de permitir a Portugal acompanhar os restantes países europeus. Concordo no entanto que apenas isso não basta e toda uma politica económica tem de continuar a ser seguida pelos próximos governos. Mas esta legislação laboral está a ser um factor essencial para a nossa falta de competitividade. É o que defende Manuela Ferreira Leite na mesma página. Apesar das leis laborais terem uma razão histórica, não se adequam à economia global que vivemos actualmente.

No BCP a guerra pela liderança do banco escalou, com ambos os lados a assumirem as divergências que já eram evidentes. Jardim Gonçalves escreveu esta semana uma carta aos accionistas, acusando Paulo Teixeira Pinto de falta de lealdade. Com a AG marcada para dia 6 de Agosto, vai saber-se nos próximos dias as moções que irão ser apresentadas. E ai saberemos com que podemos contar, numa AG que irá ser seguida por toda a gente interessada no futuro do maior banco privado português. Este sábado, .também no Expresso, Henrique Monteiro fala da guerra aberta no banco e de como poderá não haver vencedores, se apesar de derrotar Jardim Gonçalves, Paulo Teixeira Pinto não conseguir defender o banco de uma OPA estrangeira. É que o processo de integração do sector bancário europeu não pára e a dimensão do BCP torna-o num alvo bastante apetecível.

Na SAD do Benfica, a OPA de Berardo foi registada sem alterações, para no dia seguinte surgir o rumor de que existe um grupo chinês interessado na sua compra e que poderá oferecer o dobro da contrapartida de Berardo. A compra de clubes de futebol por empresas não é novidade e nos Estados Unidos, equipas de basebol e de basket trocam frequentemente de dono. Na Europa esse movimento é mais comum na Inglaterra. Em Portugal, com a entrada do Benfica em bolsa, tudo esse processo chegou cedo e depressa demais, sem que nos pudéssemos preparar para ele. No editorial de sexta do Jornal de Negócios, Pedro Guerreiro defende que estão a brincar com as acções do Benfica. É possível que sim, uma vez que mais do que uma empresa, a SAD que é controlada pelo clube representa muitos sócios e simpatizantes que mais do que racionalmente, vivem o clube com muita emoção.

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